quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Nacionalismos: doença infantil do esquerdismo e base identitária do fascismo

Em busca de uma frase de efeito vale inspirar-se em Lenin e seu "Esquerdismo: doença infantil do comunismo” propondo os seguintes termos: Nacionalismos: doença infantil do esquerdismo e base identitária do fascismo. 
Pertencer ao mundo, compartilhar a vida com a humanidade e com todos os demais elementos que compõem o que chamamos de natureza, não é uma escolha, é a condição do existir contemporâneo. Ter tal consciência e considerar-se como co-partícipe do processo de construção da humanidade do humano - entendendo, sempre, que a transformação do humano é, igualmente, transformação da natureza - é, no entanto, um longo caminho a ser percorrido. No limite, ainda podemos encontrar aqueles que se sentem pertencentes a uma cidade, a uma nação ou a um país e, nos dias de hoje, a algo como a União Europeia (raros, mas existem). 
É preciso, portanto, que o ensino da geografia radicalize a noção de humanidade. Precisamos ensinar que a humanidade não é somente a somatória de pessoas, mas as pessoas são, igualmente, a realização individualizada e necessária do existir da humanidade. Da mesma maneira, a proposição exige uma releitura do que entendemos nossa relação com a natureza. É preciso compreendermos que somos uma das maneiras pelas quais a natureza existe enquanto tal e, portanto, longe de podermos destruir a natureza, o que podemos de fato é nos organizarmos de tal maneira que nossa presença na natureza se torne impossível. 
Tal como em relação aos pequenos grupos tribais, para os quais a ideia de nação foi a criação necessária à expansão e consolidação dos grandes impérios e, mais recentemente, realização particular da universalidade que conhecemos como Modo de Produção Capitalista (e devem ser vistas como são, isto é, a particularidade necessária e estruturante da realização de uma singularidade que chamamos de Formação econômica e social), exigindo algo muito mais complexo que a nação e que, portanto, a ela não se resume (considerando que tal mediação tem o Estado como seu formato básico de realização). Voltamos, portanto, ao ponto de inflexão com o qual a geografia se deparou a partir de Kant: pertencer ao mundo, mas se identificar com a Nação. Agora o mesmo impasse muda de escala: é preciso se identificar com o mundo para pertencer a uma nação.