Em relação às três categorias que compõem a construção do discurso geográfico (paisagem, território e região), é importante considerar que possuem conceitos diferentes e interdeterminantes. A primeira delas está associada à dimensão da aparência e, portanto, ao processo de percepção das formas do mundo pelo sujeito. Tal percepção é, por sua vez, a imediatidade, isto é, a condição que cada um de nós possui, tendo como referência os saberes já construídos e passíveis de se acessar imediatamente, de reconhecer as formas do mundo utilizando de nossos sentidos. A possibilidade do sujeito de reconhecer a distribuição das formas percebidas (tamanho, distância, interrelação) é o que permite que seu pensar sobre o mundo ultrapasse o limite da imediatidade (aparência) e chegue à condição do reconhecimento mediatizado, pensado. Este concreto pensado é o Território.
Para evitar maiores confusões vale considerar que o território do poder é, de fato, uma região, isto é, o território tematicamente recortado. O Brasil, por exemplo, possui um território, mas o discurso que faço sobre ele e que tem a existência do Estado Nacional enquanto territorialidade (País) como pressuposto é, de fato, o reconhecimento de que Brasil é uma região cuja identidade está na existência de um Estado Nacional específico. Por fim fica a mesma indicação já feita em relação às categorias anteriores: território não é uma coisa, mas o reconhecimento de que o ecúmeno humano possui formas e que é dessa percepção que se ordena a dimensão topológica que possui (co-habitação), é a indicação da existência de uma ordem que define os diferentes processos que compõem a realidade empírica.
Olá Prof. Douglas! Simpatizo com a ideia de território como um conjunto de elementos onde temos uma base ou, num sentindo ultra figurado, um tabuleiro de uma mesa. Desta base (ou mesa) se assentam os tecidos (aqui, tecido entendido como rede ou um conjunto de redes). O que é o território sem essa "toalha de mesa"? O conjunto de tecidos (urbano, rural, social, tecnológico, produtivo, cultural e político) dão a forma do território. O território, portanto, conforma os tecidos (analogicamente pensando no formato morfológico da "mesa") ao mesmo tempo em que é transformado (ou conformado) por eles. Essa é minha tentativa de materializar a ideia, como você diz, que o território não é uma coisa. E não é mesmo. É mais substancial as relações de interdependência entre esses elementos todos, do suas "formas" sob uma ótica isolada.
ResponderExcluirGostei muito do tema! um abração deste vosso admirador e amigo dos seus filhos. Forte abraço
Ulysses Ahualli - arquiteto urbanista
Oi Ulisses, que bom tê-lo por aqui. Confesso que receber um comentário teu, para além da surpresa, me encheu de alegria. A primeira arquiteta urbanista que conheci e que participou de uns videos que eu estava produzindo sobre geografia, foi Raquel Rounik e fiquei muito impressionado com o trabalho dela. Quanto ao seu comentário eu ficaria com a imagem da toalha e sua trama, seus pratos e talheres e a mesa. Ter a mesa como ponto de partida me faz lembrar os antigos geógrafos franceses que consideravam que o relevo era o palco onde acontecia a história dos homens. De toda maneira, o fundamental é retomar a ideia de que o mundo é construído de coisas e coisas participam, resultam e são resultados, de processos. Território é uma palavra que utilizamos para identificar esses processos sob um ângulo determinado (forma, localização relativa etc.) bem como palavras como paisagem, região, espaço...
ResponderExcluirBem... mais uma vez, um prazer tê-lo por aqui. Volte sempre e, quando queira, venha nos visitar ao vivo. Abraços